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Projeto Amazon Face: Desvendando o Futuro Climático da Amazônia

Investigando o Impacto do CO2 na Maior Floresta Tropical do Mundo

Em tempos de crise climática, surgem frequentemente termos como “capacidade de absorção de CO2 da Amazônia” e “créditos de carbono”. No entanto, ainda não temos uma compreensão precisa da quantidade de carbono que a floresta amazônica é capaz de capturar. Isso é um problema, dado o claro valor da conservação desse bioma.

Várias pesquisas estão em andamento para aprimorar nossas medições das emissões e da captação de carbono pela Amazônia. Utilizar dados desatualizados nos coloca em risco de superestimar a capacidade da floresta em um mundo onde a redução das emissões de CO2 é urgente.

Projeto Amazon Face já tem dois de seus anéis prontos para iniciar os testes; ao todo serão seis estruturas como essas e deve ter início no final do próximo ano – Divulgação

Um projeto notável chamado Amazon Face (Enriquecimento por CO2 Livre) está programado para ser lançado em 2024. O objetivo do projeto é investigar como a floresta reage a concentrações mais elevadas de CO2 na atmosfera. Para isso, os pesquisadores instalaram torres em áreas da floresta na região do Amazonas, formando grandes círculos, onde injetarão dióxido de carbono.

Parte das torres já foi erguida na floresta, mas a fase mais intensa da pesquisa começará no próximo ano. Atualmente, o projeto está na fase 2, que é o piloto do experimento em larga escala e de longa duração. O custo total do projeto para uma década de experimentação está estimado em US$ 78,5 milhões, com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, além de contribuições do governo britânico.

O Amazon Face visa antecipar como a floresta reagirá em um futuro com mais CO2 na atmosfera. Os modelos existentes indicam um aumento significativo na biomassa e na produtividade da floresta devido a esse “fertilizante” de CO2, mas esses estudos foram conduzidos em florestas temperadas, não na Amazônia.

O solo pobre em fósforo na região do projeto Amazon Face apresenta um desafio adicional, uma vez que o fósforo é essencial para o crescimento das plantas. Portanto, a floresta amazônica pode não aproveitar totalmente o aumento de CO2 em sua biomassa, ao contrário das florestas temperadas.

Entender melhor os processos na Amazônia é crucial para prever o futuro climático e identificar o ponto de não retorno, onde a floresta poderia se transformar em savana devido ao desmatamento e às mudanças climáticas. Isso também tem implicações nas estimativas de absorção de CO2 das florestas tropicais, que podem estar superestimadas, segundo os pesquisadores.

Melhorar as medições de carbono na Amazônia é um objetivo compartilhado por pesquisadores, como Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que destaca a necessidade de integrar diferentes métodos de medição e acompanhar as mudanças na floresta ao longo do tempo. Em resumo, a Amazônia está em constante transformação, e é crucial ajustar nossas abordagens para entender e lidar adequadamente com essas mudanças, especialmente em um contexto de crise climática.

Fonte
Folha
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Redação

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